sábado, 8 de setembro de 2012

... Cecília Moreira


Cecília tem 23 anos e faz autênticos milagres como Terapeuta de Medicina Tradicional  Chinesa.
Hoje, convidei-a a vir comigo até um jardim de bonsais, com Enya como banda sonora, para uma conversa feliz e bem tranquila…
Falámos dos seus sonhos e de uma medicina que começa, agora, a ser muito procurada pela maioria dos portugueses.
Esta conversa é um Expresso do Oriente, um chá verde, um livro que apetece experimentar.
Venham comigo e sejam felizes!






O Mandarim é um romance de Eça de Queiroz, um pássaro, mas também o Espaço onde deu asas ao seu sonho como Terapeuta de Medicina Tradicional Chinesa… que tipo de terapias podemos encontrar neste oásis da Rua 5 de Outubro, em Ermesinde?
Para além da Medicina Tradicional Chinesa que engloba várias terapias como a Acupunctura, a Auriculoterapia, a Reflexologia e a Massagem Terapêutica, podem também usufruir de Massagem de Relaxamento, Massagem com Pindas, e Programas Anti-celulite e Emagrecimento.
 A Cecília tem 23 anos de idade, mas um conhecimento e umas mãos de uma pessoa mais “velha” (sendo que, “velhice” não significa experiência)…. Como foi o seu percurso até aqui? Sempre foi este o seu sonho? O que é que a move nesta profissão?
Considero o meu percurso até aqui um caminho de crescimento e evolução tanto a nível pessoal como profissional. Fiz a formação de Medicina Tradicional Chinesa no Instituto Português de Naturologia no Pólo do Porto, e ainda no segundo ano do Curso comecei a trabalhar com o Professor José Malta, por convite do mesmo, na empresa Voz do Silêncio e sem dúvida que foi nesta última que apreendi e consolidei todos os conhecimentos que hoje me permitem exercer a minha profissão com maior competência e confiança. O meu sonho sempre foi "Ser Médica" mas depois do ensino secundário acabei por enveredar pela Medicina Natural, a partir dai o meu sonho sempre foi conseguir criar o meu próprio Espaço de Terapias, embora nunca pensasse que o conseguiria tão cedo. O que me move nesta profissão é a arte da acupunctura, da massagem, de saber ouvir, de conseguir aconselhar e de poder orientar as pessoas de modo a elas conseguirem percorrer melhor os seus caminhos, é a filosofia oriental com a sua simplicidade de ver e explicar o mundo, é poder contactar com as pessoas, aprender e ensinar e assim evoluir, é Ser Eu a fazer o que Amo.

Sendo que, nos tempos que correm, a maioria das pessoas está sujeita a grandes pressões, que provocam ansiedade, stress e, por acréscimo…. dores no corpo que se podem reflectir de diversas formas…  De que é que os seus clientes/pacientes se queixam mais? Como é que os trata?
As queixas variam muito, pois cada pessoa tem a sua maneira de gerir o que lhe acontece, no entanto o que costuma ser mais comum são dores de costas, nomeadamente na cervical e na lombar. Desta forma oque costumo fazer mais são sessões de Medicina Tradicional Chinesa, pois estas implicam o diagnóstico, a acupunctura, a massagem terapêutica, a auriculoterapia, a reflexologia e por vezes até o toque terapêutico, ou seja é um conjunto de terapias na mesma sessão que visam restabelecer o equilíbrio geral do organismo tratando tanto a rama do problema (os sintomas) como a raiz (a causa). Isto porque, por exemplo, uma dor lombar pode ter o mais diverso tipo de causas desde a postura até ao medo que é a emoção associada a esta área do corpo. Desta forma ao fazer o tratamento o objectivo é aliviar a dor mas também tentar combater a causa do problema para que a dor não regresse.
A Medicina Tradicional Chinesa é muito antiga…. Começou a ouvir-se falar da mesma, em Portugal, através do Professor Choy há uns anos atrás e, agora, são muitas as pessoas que recorrem a esta medicina como complementar à tradicional ( e não alternativa)… porque acha que isso acontece?
Acho que tal acontece exactamente porque na Medicina Tradicional Chinesa o organismo é visto como um todo, de forma holistica, é dada atenção a tudo o que a pessoa refere, desde os sintomas aos hábitos de vida que podem estar a prejudicar o bem estar, ou seja há um contacto directo com as pessoas e com o que elas sentem, existe tempo para as pessoas falarem. Não se associa os doentes a uma determinada doença, alias no oriente diz-se que "não existem doenças, mas sim doentes", ou seja o que interessa é o que cada individuo em particular refere. Para além disso a Medicina Tradicional Chinesa apesar de actuar mais na prevenção, também consegue actuar em
fases agudas de dor sem o recurso a medicação, não sujeitando assim o organismo a efeitos secundários.
Faz sentido esta medicina ser praticada e reconhecida nos nossos hospitais, como terapia complementar à medicina ocidental? Se sim, porquê…
Sem dúvida que sim!! Tal como já referi, a Medicina Tradicional Chinesa tem como principal objectivo a prevenção, mas também tem efeitos fantásticos no alivio da dor e no relaxamento físico e mental. Por exemplo, em pessoas cujos exames médicos indicam uma probabilidade para sofrer de determinada doença, a Medicina Tradicional Chinesa pode actuar na base da prevenção para manter o organismo equilibrado de modo a que a doença fique sem meios de se desenvolver, e em casos agudos de dor em que a doença já se encontre instalada também é possível aliviar os sintomas bem como ajudar a manter uma boa qualidade de vida. Apesar dos modos de actuação da Medicina Tradicional Chinesa e da Medicina Ocidental serem muito diferentes ambas são necessárias e funcionam bem quando complementares uma à outra.
O que a faz acreditar numa ciência tão antiga?
Não considero uma ciência mas sim uma arte milenar! E o que me faz acreditar nesta arte são os resultados obtidos após a sua aplicação.
Algum paciente que a tenha marcado em particular, pela evolução na recuperação? Pode dar-nos um exemplo que ilustre os benefícios destas práticas?
Sim, todos os pacientes deixam a sua marca e é engraçado como acaba por existir uma troca de conhecimentos durante as sessões, pois cada pessoa tem a sua experiência de vida  e acaba por referir episódios que nos ensinam bastante, no entanto de facto houve um que me marcou de uma forma especial, talvez por o ter acompanhado durante cerca de3 anos em tratamentos duas vezes por semana, trata-se de uma vitima de acidente de viação que ficou politraumatizada e cuja evolução foi simplesmente fantástica. Por exemplo, começou a mover membros que se encontravam paralisados, começou a responder a estímulos audiovisuais e a ganhar sensibilidade às agulhas de acupunctura oque indica o aumento de receptividade dos nervos sensitivos apesar da paralisia. Penso que de facto este é um bom exemplo dos benefícios destas práticas pois principalmente com a acupunctura e a massagem conseguem-se estimular pontos que induzem a recuperação geral do organismo.
O que é que o Mandarim tem que não se encontra nos outros Espaços?
A atenção e a dedicação prestada a cada paciente. Normalmente cada sessão de Medicina Tradicional Chinesa tem a duração de cerca de90 minutos, pois além de ser necessário aplicar todas as técnicas já referidas a pessoa tem de ter tempo para ser ouvida e ser tratada da forma mais harmoniosa possível.
Hoje em dia, há muitas pessoas com os chamados “cursos tirados a martelo” em auriculoterapia, reflexologia… que produzem mais estragos nos pacientes do que benefícios. Que conselhos daria a alguém que procura outro alguém credível para tratamentos, por exemplo, de acupunctura?
Procurem terapeutas que tenham formação credível, qualquer curso de Acupunctura deve de ter a duração no mínimo de 2 anos. Se for de Medicina Tradicional Chinesa deve de ter a duração no mínimo de 4anos. Se tiverem duvidas, exijam ver o certificado de formação.

Nos seus tratamentos fala muito dos meridianos do corpo, da relação do Yin/ yang, da energia…. Como pode explicar estes conceitos às pessoas? Por exemplo, uma pessoa com dores na lombar, muitas das vezes não tem problemas na lombar mas sim no “fígado”, porque é o seu lado emocional que não está estável e lhe provoca dores naquela zona do corpo… quer explicar-nos um bocadinho como é que tudo isto funciona?

Sim! Parece complicado, mas na verdade é simples. Seguindo o seu exemplo, as emoções tem sempre uma maneira de se manifestar, existem pessoas que exteriorizam o que sentem e outras que interiorizam. As que exteriorizam podem até por vezes ser chamadas de "mal educadas", mas não ficam doentes com tanta facilidade, porque libertaram essa energia emocional… as que interiorizam fazem com que essa energia as vá "corroendo" e acabam por ficar doentes. Na Medicina Tradicional Chinesa a cada órgão é associada uma emoção, a emoção associada ao Fígado é a Raiva, a Ira, se essa raiva não for exteriorizada vai-se manifestar no nosso corpo de alguma forma, ou com dores de cabeça, ou com tensão muscular, etc, depende do organismo de cada um... Ao fazer o tratamento além de aliviar as dores é preciso também alertar a pessoa para o que provocou aquelas dores e fazê-la entender que o modo como está a lidar com determinados processos na vida dela não está a ser o mais correcto para que tenha saúde e bem-estar.

A alimentação correcta é muito importante para os chineses e faz parte da sua medicina. Que conselhos poderia deixar a quem nos lê?
O principal conselho é ter uma alimentação variada, comendo pouco e várias vezes ao dia. É também importante recorrer a suplementos alimentares para suprir algumas carências nutricionais da alimentação diária, como é o caso, por exemplo, das bagas de goji.

Utiliza a fitoterapia nos seus tratamentos?
Sim, em alguns casos tenho de aconselhar fitoterapia.

Uma massagem mal-feita provoca mais distúrbios do que não fazer massagem nenhuma? Se sim, porquê.
Sim, é verdade, porque dependendo do problema a massagem deve ser efectuada tendo em conta a anatomia muscular (miologia), a circulação, o trajecto dos meridianos... Portanto, em caso de dúvida, quando não se sabe qual a melhor massagem a aplicar para determinada situação é preferível não fazer e procurar um terapeuta qualificado.

Se alguém tiver curiosidade/necessidade de marcar uma consulta com a Cecília, como o poderá fazer?
Poderá pedir informações e/ou efectuar marcação através do contacto telefónico: 917975164 ou através do e.mail:geral.mandarim@gmail.com
O que a faz SER feliz?
O que me faz ser feliz é sem dúvida fazer aquilo que Amo, estar com quem Amo e ter sempre uma atitude positiva perante tudo o que me acontece na vida! Nada é por acaso! ;)
Cecília, muito obrigada!
Sabe que é um prazer tê-la como amiga e como terapeuta e que lhe desejo toda a sorte e paz do mundo!
Continue a ser assim: íntegra, inteira, com brio profissional, apaixonada pelo que faz e, acima de tudo…feliz!
Até à próxima conversa…. J




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

... Marco Rodrigues



Hoje, a minha conversa tem como pano de fundo o Rio Tejo, uma Lisboa cheia de luz e um Fado vivo na companhia de uma guitarra e de Marco Rodrigues.

Retenham bem este nome, ouçam a voz e as letras e sintam as guitarras… esta conversa é apenas uma amostra do que Marco Rodrigues tem feito pelo Fado.

A prova de que sempre que colocamos paixão no que fazemos, o resultado só pode ser um forte aplauso da plateia…



Foto de Carlos Mateus de Lima




Nasce em Amarante, vive em Arcos de Valdevez…como se chega a Lisboa e se fica (agora, no coração do Bairro Alto com a Adega Machado)? Como surge Lisboa na sua vida com um amor tão grande?

Surge de forma muito natural. Fui descobrindo Lisboa a partir da adolescência. Nessa fase da nossa vida estamos sempre à descoberta de novas sensações e experiências e, para alguém que acabava de chegar do norte do país, a capital foi desde logo um deslumbramento.

“Simplesmente aconteceu” ser fadista? Como nasce o Marco Rodrigues-fadista e que influências tem e de onde? Da casa de Amália? Dos bairros lisboetas?

Eu já cantava desde muito pequeno. Cantar fado aconteceu muito por culpa da minha mãe que me inscreveu na Grande Noite do Fado, em 1999. O fado foi entrando na minha vida a partir do momento que venci essa Grande Noite do Fado e poucos meses depois comecei a cantar no Café Luso, no Bairro Alto.

Em 2006, lança o 1.º álbum, “Fados da tristeza alegre”… são fados contraditórios? A tristeza pode ser alegre, Marco?

Um dos temas chave de Fados da Tristeza Alegre é o tema Canto da Tristeza Alegre (letra de António Lobo Antunes) que deu o mote para o nome do álbum composto por fados tradicionais, musicados e canções.
Há de facto situações em que a tristeza nos invade a alma. Isso é essencial para vivermos em pleno a alegria e a felicidade e tudo isto pode acontecer num mesmo momento ou situação. Reconhecemos a felicidade exatamente porque também vivemos momentos tristes.

Em 2010, chega o segundo álbum, com compositores e letristas “de peso” (Boss AC, Inês Pedrosa, Tiago Torres da Silva…), incluindo o próprio Marco… onde assina a composição de um fado intitulado “Onde vou”….Onde pretende ir o Marco Rodrigues?

A vontade de criar, compor, gravar discos e a levar a minha música às pessoas é enorme e quero, por isso, continuar a fazer aquilo por que sou apaixonado.

Este segundo álbum de “Tantas Lisboas”, o que pretende retratar? Os diversos azulejos e luzes da capital?

Este álbum é assumidamente uma homenagem a Lisboa e procurei espelhar em muitos dos temas a paixão que tenho pela cidade, pela luz, pelos lugares, pelas pessoas… como acontece em temas como Tantas Lisboas e O Homem do Saldanha, este último uma justíssima homenagem ao Senhor João Serra, uma personagem da Lisboa dos nossos dias.

Passou, literalmente, “um ano na estrada”… o que se aprende? Onde se colocam as saudades de casa? Há tempo para compor, nos intervalos?

É muito gratificante poder percorrer o país e estrangeiro fazendo o que nos dá mais prazer. Em cada local contactamos com novas pessoas, com outros costumes e culturas e conhecem-se sítios fantásticos. E isto é muito enriquecedor para mim, enquanto cantor, músico e compositor.
Fazemos da equipa (músicos e técnicos) a nossa família e criam-se laços muito fortes que ajudam a superar as saudades de casa.
Há sempre tempo para compor… por vezes surge, de repente, uma melodia que não me sai da cabeça, em qualquer local, e a partir daí começo a compor.

Como é a relação com o público nestas digressões? Vai do plateau aos bastidores?

É sempre muito bom receber o carinho e o reconhecimento do público e gosto particularmente de falar com as pessoas no final dos concertos. Atualmente, sobretudo devido às redes sociais, este contacto acontece, por vezes, mesmo antes dos concertos ao vivo. É muito frequente receber mensagens e comentários na minha página no Facebook e procuro responder sempre a todos. É muito interessante ver esta proximidade virtual tornar-se real quando (re)conheço nos concertos os fãs e amigos que vão deixando comentários muito carinhosos na página.

No passado dia 26 de Maio, fez a primeira parte do concerto da Maria Gadú, no Porto… o seu nome não é muito conhecido na Invicta, mas o Coliseu aplaudi-o em pé…. Para quando, um concerto exclusivo, no Porto?

O concerto no Porto acontecerá logo que surja o convite e estejam reunidas todas as condições para apresentar a minha música. Será um prazer estar no Porto, uma cidade com um público tão caloroso e que sabe receber tão bem um artista. Foi isso que testemunhei no concerto no Coliseu, quer na minha atuação quer durante o concerto da Maria Gadú.

“O fado do estudante” deixou o Coliseu do Porto ao rubro… sabe bem interpretar temas como estes, que nos transportam para figuras imortais como Vasco Santana?

O Fado do Estudante tem efetivamente uma melodia muito rica que nos provoca imediatamente um sorriso. É também um dos temas que todos reconhecemos dos clássicos filmes do cinema português, no caso A Canção de Lisboa, com o célebre Vasco Santana.
Aconteceu no Coliseu do Porto, e acontece em todos os concertos… as pessoas cantam, vibram e sorriem quando canto o Fado do Estudante. O que prova mais uma vez que o fado não é apenas uma música triste e melancólica.

Onde se sente mais “em casa”? Em Amarante, Arcos de Valdevez ou Lisboa? Ou… não importa o lugar, basta ter uma guitarra por perto?
Qualquer que seja o lugar, terá que ter sempre uma viola ou uma guitarra por perto. A música (e não só o fado) faz-me sentir bem independentemente do local onde estou. Amarante, Arcos de Valdez e Lisboa são locais igualmente importantes na minha vida porque as minhas memórias, recordações e vivências passam naturalmente por estes lugares.

No passado dia 11 de Julho foi agraciado com a medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez… foi um local que o viu crescer… este gesto deixou-o, de alguma forma, sensibilizado? Não foi só “mais um prémio”, pois não, Marco?

Receber esta medalha foi uma grande honra. Desde logo porque é muito bom sermos reconhecidos pelo nosso trabalho e sinto uma imensa realização e uma forte convicção de que escolhi o trilho certo. Depois porque vivi quase toda a infância em Arcos de Valdevez. Quando soube que o meu nome tinha sido indicado pelo Presidente da Câmara de Arcos de Valdevez para a atribuição da medalha de mérito cultural fiquei, claro, muito feliz e honrado. Esta medalha é também de todos aqueles que têm acompanhado o meu trabalho.

Há quem lhe chame “uma voz do novo Fado ou da nova geração”…gosta deste “rótulo”? Existe um novo Fado? De facto, existem nomes como Ana Moura, Mafalda Arnauth, Raquel Tavares, entre tantos outros… que vestiram o fado de uma outra forma. A minha geração não gostava de Fado e passou a gostar…

A música que ouvimos e o tempo e espaço onde vivemos influenciam diretamente a música que fazemos logo, naturalmente, todas as músicas do mundo vão sofrendo alterações com as novas gerações que vão aparecendo e o fado não é exceção. É importante sim conhecer muito bem as bases para poder depois construir sobre elas. Não é necessário que fiquemos presos a demasiadas regras. A própria Amália Rodrigues foi isso que fez. Julgo que não há um novo fado… há o fado que todos nós fadistas, junto com os músicos que nos acompanham, fazemos hoje.

Acha que o Fado está na moda?

O facto de hoje emergir uma novíssima geração de fadistas, músicos e inclusive letristas, ainda muitos novos, vem contrariar a ideia que o fado está na moda… o fado está, sim, vivo.

Já mencionou, em entrevistas anteriores, que “vou deixando que outras influências musicais interfiram na minha criação”… que influências são essas?

A música que ouço, as pessoas com que me relaciono, os espaços e locais que tenho à minha volta, as viagens, a moda, a arte, as experiências diárias que vivo… enfim, tudo nos influencia e influencia também a nossa música, e isso acontece com qualquer músico no mundo.

Tem noção que as suas interpretações, a sua projeção vocal, a sua entrega ao que faz mexe com a alma da gente? Toda a gente sente um “incómodo bom”… o prazer de ouvir alguém a cantar com o coração…

O fadista tem que saber interpretar todo o sentimento do fado para que sinta profundamente cada palavra cantada. A própria música tem uma intensidade tal que, aliada à criatividade e à verdade do fadista, ao ser cantada em Madrid, Nova Iorque, ou em qualquer outro local do mundo, faz com que o público se sinta como se sentiria se estivesse em um qualquer bairro de Lisboa e, assim, entenda o fado tal como ele é. Se é isto que as minhas interpretações despertam no público fico muito feliz.

Sempre quis ser fadista ou nem sequer estava nos seus planos?

Quando entrei numa casa de fados pela primeira vez fiquei completamente apaixonado… percebi que, para além de uma música intensa, melodicamente muito rica e acompanhada pela guitarra portuguesa - um instrumento único que preenche a respiração do intérprete - existe um misticismo que abraça tudo isto e faz com que o Fado seja uma música distinta. Acredito que não fui eu que decidi ser fadista mas sim que fui escolhido.

Gosta de cantar em dueto? Porquê?

Em primeiro lugar gosto de cantar. Cantar em dueto é um prolongamento desta paixão. A partilha musical e cultural é muito enriquecedora e uma mais-valia para um intérprete.
Eu e o Tiago Machado, o produtor do Tantas Lisboas, pensámos nos duetos desse disco, de forma muito natural, à medida que íamos trabalhando os temas O Homem do Saldanha (dueto com Carlos do Carmo, música de Tiago Machado, letra de Boss AC) e Valsa das Paixões (dueto com Mafalda Arnauth, música de Tiago Machado, letra de Tiago Torres da Silva).
Carlos do Carmo, é uma das minhas maiores referências e cantou já algumas figuras da cidade de Lisboa. Mafalda Arnauth é uma amiga de longa data, com o timbre indicado para um tema principesco que nos remete para um baile num salão de um imponente castelo.
O dueto com Maria Gadú surgiu também de forma natural. Conheci a Maria em 2010 e, desde então, tornámo-nos bons amigos. Conhecemo-nos quando a Maria Gadú procura uma casa de fados em Lisboa e vai ao Café Luso. Depois disso encontrámo-nos mais algumas vezes e num desses reencontros surgiu o convite da Maria que me deixou muito feliz. Foi um privilégio poder cantar A Valsa, no CD Mais uma Página.

Para quando um novo projeto musical?

Há já alguns meses que venho trabalhando para um novo disco, com a recolha de poemas, de composições etc. mas não há ainda uma data definida para a edição de um novo trabalho. Aproveito para fazer um convite a todos… será um prazer receber-vos na minha página no Facebook. Por lá vou partilhando momentos, fotografias, datas dos concertos, vídeos e as novidades que forem surgindo.

O Fado está muito ligado a sentimentos bem profundos e portugueses… a saudade…a nostalgia… é um homem feliz?

Sim, enquanto houver música J

O que o faz SER feliz?

A música, as pessoas e o facto de o público gostar da música que faço. J

Marco, muito obrigada…. Foi um prazer imenso estar ao lado de uma das vozes que mais me marca e enche a alma… Desejo-lhe todos os sucessos e espero que nos possamos cruzar, quiçá, na Adega Machado, ou no Coliseu do Porto, muito em breve.

E agora, meus amigos, Silêncio, que se vai cantar o Fado….


"Ausência"

 
"O Homem do Saldanha" com Carlos do Carmo



"Valsa das Paixões" com Mafalda Arnauth....é que, dá mesmo vontade de entrar no embalo e dançar....

 
 
"A Valsa" com Maria Gadú


 
"Fado do Estudante"

 

 
Próximos concertos de Marco Rodrigues:

- Cascais | 22 setembro, Espaço Confluência, 22 h

- Almada | 12 outubro, Teatro Municipal, 21h30