terça-feira, 21 de janeiro de 2014

... Inês Santos


Inês Santos é simpática, doce, exigente.
Muitos serão os que a conhecem apenas de programas televisivos mas, nesta conversa, poderão admirar-se com as competências e maturidades desta menina-mulher, que está quase a completar 20 anos de carreira.
A nossa conversa foi a sabor de cruzeiro com direito a palavras emotivas, genuínas, honestas, reais (mas que, até permitem sonhar, se nos deixarmos embalar).
Quem se permite deixar levar por esta conversa?
Arriscam? J

Como é a Inês Santos - pessoa, longe dos ecrãs e dos media?
Natural, espontânea, simples, introvertida com quem não conheço, extremamente extrovertida junto dos amigos e família; necessito do meu espaço e de silêncio. Gosto de fazer coisas banais.
Existe uma Inês que brilha mais alto com Sinead O’Connor em 1995, entra num leque variado de projectos apos esse ano ( lançamento de cds, participação em vários projectos musicais, integração de musicais e programas televisivos...) e depois os media deixam de falar em si durante uma boa temporada... O que se seguiu neste período de tempo até participar em "A tua cara não me e estranha"?
Nunca procurei o protagonismo nem a exposição. A exposição tem um reverso da medalha do qual não gosto nem um pouco, e que não me faz falta. Procurei, sim, espectáculos, experiências e contractos desafiantes. Sempre procurei fazer algo que não tinha feito no contrato anterior. Nunca parei de trabalhar e sinto-me feliz por, em 20 anos de carreira (que celebro este ano) ter apenas tido um ano e meio em que notei menos volume de trabalho. Sempre estive muito ocupada e sempre fui muito feliz com os desafios que a vida me colocou e quais os quais cresci enquanto artista e ser humano. O facto de não fazer planos e ter os braços abertos para esses desafios ajuda a ter boas surpresas.
O programa de entretenimento da TVI veio dar-lhe uma visibilidade esquecida e abrir-lhe novas janelas profissionais...
Creio que, acima de tudo, veio mostrar uma Inês com mais capacidades, capacidades essas que o público não conhecia. Isso foi o mais importante: passaram a ver-me de uma forma mais madura e completa.



 Inês numa imitação exigente, e brilhante, de Maria Callas no programa da TVI, “A tua cara não me é estranha”

Imitar e interpretar... onde está o maior desafio?
Imitar, claro. Interpretar é um processo natural; cada cantor dá o que de mais verdadeiro tem de si, é fácil.

Qual a sensação ao dar voz a filmes da Walt Disney? Como se prepara para que o instrumento "voz" seja potenciador das histórias metafóricas e de encantar?
Vivo precisamente as palavras que as histórias dizem. Não há como interpretar da forma certa sem dar toda a atenção às palavras e à melodia.
Em 2008, a Inês vai para o Canadá e é protagonista da Opera "ines" , baseada no romance de "Pedro e Ines". Recebeu uma nomeação para um Dona Manor Moore Award na categoria de opera - melhor performance. Como e que uma cidadã portuguesa, a trabalhar em Toronto, recebe uma noticia destas?
Aqui está um exemplo de que a exposição não é tudo. Quase ninguém em Portugal falou no facto de eu ter sido a única estrangeira a ser nomeada para este importante prémio. Foi mais uma vitória pessoal e motivo de honra e orgulho no percurso que fui escolhendo fazer... o de crescer como ser humano e artista. 
Foto da Revista Caras no âmbito do trabalho de Inês no Canadá

Gostou de viver e trabalhar no Canadá?
Muito. Identifico-me a 200% com a sua forma de trabalhar. O meu profissionalismo e rigor só são confundidos com tiques de vedetismo no nosso país em que, por vezes, se trabalha de forma desinteressada e banal. Levo o meu trabalho muito a sério.
Neste momento, parte da sua fatia profissional é dedicada ao Paquete Funchal... Fale-nos deste projecto...
Não só ao Paquete Funchal, mas sim a toda a frota Portuscale Cruises. Sou directora de entretenimento da Cª. Algo que sempre me fascinou foi produzir e gerir equipas na área do entretenimento. Este trabalho é mais uma parte daquilo que posso fazer como artista e cantora e com todos os conhecimentos que fui adquirindo. Continuo a cantar em terra e, por vezes, vou também a bordo cantar. Permitiu-me abraçar um projecto mais sério, de forma mais madura, não deixando de lidar diariamente com o meu ramo, com responsabilidades diferentes, mas também sem deixar os meus compromissos de cantora para trás - é perfeito!
Ser diplomada em Produção de Espectáculos é uma mais-valia para este projecto?
Claro. Muito me ajuda a desenvolver o meu trabalho na companhia. Requer conhecimentos de contractos, som, luz, animação, gerir equipas, recursos humanos, etc. Tudo o que aprendi na ETIC é importante no que faço agora na Companhia.
"A tua cara não me é estranha" veio afirmar não só a Ines Santos cantora mas, acima de tudo, mostrar aos telespectadores uma mulher madura, com muita experiência profissional, muito viajada, sensível, honesta e feliz. É mesmo assim, não é?
Sou mesmo assim. Amo o que faço. Faço-o com muito seriedade. Respeito os meus colegas e exijo que me respeitem também. Enquanto estiver a cantar, mostrarei sempre o meu lado mais natural e serei sempre feliz.
Por falar em viagens... Cantar em cruzeiros pela América do Sul, Gronelândia, Polinésia e Caraíbas, entre outros, fê-la escrever e editar um livro... "Não me roubes a alma" é um livro de olhares?
É um livro de pensamentos, dúvidas, de crescimento pessoal de partilha, de esperança, de ajudar o pouco que posso da forma mais bonita que posso, partilhando a minha experiência. Os lucros revertem para a Associação de Apoio à Criança de Guimarães e Instituto de Apoio à Criança. 

Como olha para os seus próximos projectos? Onde a poderemos ver e ouvir nos próximos tempos?
Neste momento estou bastante dedicada à companhia, que acaba de nascer e precisa de atenção redobrada. Continuo a fazer muitos concertos mas, na sua maioria, são eventos privados o que dificulta a possibilidade do grande público me ver. Este ano faço 20 anos de carreira por isso estou a criar um projecto para assinalar esta data. Mas, é prematuro falar nele.

O que a faz Ser Feliz?
Cantar, viajar, ver a família em paz e com saúde, beber um gin e comer uns petiscos junto daqueles que me conhecem bem e me permitem ser quem sou. E,  sobretudo, OS MEUS AMADOS E LINDOS SOBRINHOS.
Ainda no outro dia estiverem agarrados a mim 10 minutos, a dar-me beijinhos e abraços. Não há felicidade mais plena.

Inês, muito obrigada pelo seu tempo, pela dedicação, pelos projectos com que nos brinda.
Foi muito bom ficar a conhecer ainda melhor esse sorriso que vem da alma.

Aos meus leitores, a promessa de que, a cada dia que passa, tentarei encontrar mais pessoas felizes e primar por conversas cujo sumo seja suculento e haja vontade de repetir.
Muito em breve, mais novidades!
Sejam felizes!
Inês Gaivota

domingo, 5 de janeiro de 2014

... Vanessa Dias


Para começar o ano de forma positiva, convidei a Vanessa Dias para uma Conversa Feliz e quentinha, junto à lareira.
Poderia tecer imensos elogios, debitar palavras e emoções mas, a minha convidada é muito mais do que um nome ou atributo.
Querem saber quem é Vanessa e porque é feliz?
Ora espreitem lá esta conversa... 

1   O estado de felicidade recheia/ inunda o seu curriculum. O que a faz SER Feliz?

O que me faz ser feliz… bom, tantas coisas! Acho que desde que decida simplesmente apreciar e estar no momento presente, tudo pode ser um motivo para ser e estar feliz. Do sorriso de uma criança a uma conversa inesperada num autocarro, passando pela mais simples chávena de chá e o sentir do calor do sol na pele… é difícil escolher e enumerar um número limitado de motivos de felicidade. Saborear ou apreciar a vida, no seu todo, talvez possa resumir o que me faz ser feliz.

   A Vanessa é muito jovem e tem um historial clínico de obesidade mórbida. Existe um lado positivo no decorrer desta vivência, neste lego da vida?

Hoje sim, sem dúvida. A partir do momento em que foi uma vivência transformada numa aprendizagem, passei a considerá-la como uma época e processo com muitos lados positivos. Foi uma transformação que levou o seu tempo e que não deixa de ser contínua, com muitas dificuldades e barreiras, mas grande parte de toda a sensibilidade e empatia que desenvolvi devo a essa vivência e a todo o caminho que tenho desbravado. É uma fase da qual tento sempre recuperar lições importantes, não só em termos de saúde e de insights para as minhas intervenções, mas também em relação à minha forma de estar e encarar a vida.

“Aprender a ser ( mais) feliz” é um projecto; “eOptimismo” é uma revista online; “Estilo de vida positivo” é o livro que acaba de lançar…Em dois anos, três “filhos” felizes… conte-nos como cresceram e porque brilham tanto quando se fala neles…

Realmente são três filhos num curto espaço de tempo. Todos eles são fruto de uma visão e vivência muito pessoal e da sorte de ter encontrado algum fundamento teórico e científico naquilo que tenho experienciado. Eu gosto de encontrar fundamento para o que penso, sinto e faço, como forma de me ajudar a dar algum sentido às experiências, embora também aposte muito num sentido prático e de aplicação da filosofia “simplex” quando tento comunicar com as pessoas. Este era aliás um requisito fundamental para mim, quando estive à frente da revista, e continua a sê-lo em tudo aquilo que faço com as pessoas. Gosto de criar e de comunicar ideias úteis de forma perceptível a todos, mas sempre com alguma fundamentação científica. E mais importante do que isto acho que é o facto de acreditar e procurar aplicar aquilo que comunico. Razão e emoção têm que estar em uníssono para mim e é isso que procuro em tudo o que faço. “Faz aquilo que eu digo e não faças aquilo que eu faço” nunca teve espaço no meu entendimento e dando a conhecer exemplos ou sugestões de acção, fosse através da revista, actualmente do projecto ou, mais recentemente, do livro, é para mim uma forma prática de se conseguir chegar às pessoas, partilhar conhecimento útil para que estas possam tirar máximo partido de si e da sua vida. Se estes filhos brilham ou não, eu não sei. Espero que de alguma forma, directa ou indirectamente, a sua existência já tenha feito sentido para alguém.

O que é a Psicologia Positiva?

Se me perguntarem o que é a Psicologia Positiva para mim, eu respondo que é uma filosofia de ser e é, sem dúvida, uma das coisas que mais me move. Académica e cientificamente, é um ramo da Psicologia que estuda o nosso funcionamento óptimo. Nesta perspectiva, nós não estamos só interessados no que vai mal com as pessoas (e.g. depressão), mas estamos sobretudo curiosos para entender como é que podemos estar bem no nosso dia-a-dia, como é que podemos ser mais felizes, como é que as pessoas ultrapassam maus momentos e como é que podemos ser mais produtivos, criativos e entusiasmados acerca do nosso trabalho, por exemplo. Eu conheci a Psicologia Positiva em 2010 - lembro-me de estar sentada no anfiteatro da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e sentir, à medida que ia ouvindo, que tudo aquilo era a minha filosofia de vida até então. Eu própria ainda não tinha percebido muito bem como é que, sendo a taxa de sucesso tão baixa, tinha ultrapassado a obesidade mórbida, apenas com modificação do estilo de vida, como é que tinha suportado todos os comentários negativos e provações, como é que tinha gerido os meus objectivos, como é que tinha tido a criatividade de transformar problemas em soluções, como foi o caso de substituir idas ao ginásio por garrafas de iogurte cheias de areia com o objectivo de usá-las como pesos… entre tantas outras pontas soltas que estavam por perceber do ponto de vista humano. Hoje sei que foi a resiliência, a auto-regulação, a criação de uma visão, entre muitos outros conceitos estudados especialmente pela Psicologia Positiva, que me deram substrato para continuar a viver e a viver com qualidade de vida. Foi como encontrar “o” vestido preto ideal.

Como se transformam comportamentos e se gerem emoções ( no sentido de alcançar bem-estar, equilíbrio, estados de felicidade…)?

Com treino. E também é preciso estarmos dispostos a ter a mente aberta. Estes dois processos são fundamentais. Depois, como cada pessoa é única, cada um de nós tem que olhar para dentro e para fora, no sentido de nos conhecermos e de conhecermos os outros, quanto ao modo de funcionamento. Há determinadas estratégias quer do ponto de vista do comportamento, quer do ponto de vista das emoções, que podem resultar melhor com a Maria do que com a Joaquina. No entanto, de uma forma geral, somos tão ou mais equilibrados na medida em que nos dedicamos e nos decidimos a 1) apreciar a vida e os seus prazeres simples, 2) investir no nosso desenvolvimento e conhecimento pessoal, e 3) procurar dar sentido ou ter um propósito na vida.  

   A Vanessa faz sessões presenciais, e à distância, de “coaching positivo”… as pessoas que a procuram via skype e/ ou email conseguem estabelecer consigo uma comunicação eficaz? Quanto custa uma sessão destas ( se é que uma sessão basta)?

Normalmente sim, pois as pessoas que procuram esse tipo de modalidade têm relativa facilidade em utilizar essas ferramentas como forma de comunicação. Actualmente as pessoas já não têm tantas barreiras em comunicar através destes meios e muitas vezes, por uma questão de gestão do tempo, preferem. Apesar de tudo, é claro que existem vantagens e desvantagens que têm que ser tidas em conta, consoante a opção. Quer as sessões presenciais, quer as sessões à distância são sempre mais do que uma sessão, pois embora seja um trabalho mais breve, quando comparado com uma psicoterapia, requer alguma estrutura e fases de trabalho. Cada sessão tem uma duração média de 60 a 90 minutos, sendo que o preço varia entre os 35 e os 55 euros.

   A Vanessa intervém em áreas como a auto-confiança, a auto-estima, os relacionamentos saudáveis, a gestão de tempo e stress… em que é que as suas sessões de coaching são diferentes de tantas outras ( o “coaching” começa a ser “perigoso” pela banalização a que tem estado sujeito)?

O coaching está a ser utilizado, ultimamente, mais como um produto do que propriamente uma ferramenta para auxiliar o outro a atingir um determinado objectivo ou performance. Isto faz com que haja uma comercialização em massa de uma nova profissão, para benefício de alguns, e um uso menos cuidado desta ferramenta no seu sentido mais original. Eu utilizo o coaching como ferramenta para ajudar o outro a mudar ou a transformar-se e uno o coaching à Psicologia Positiva. Em parte, as sessões de coaching positivo diferem de outras vertentes do coaching na medida em que utilizo e trabalho com ferramentas da Psicologia Positiva, como é o caso do inventário de Forças e Virtudes, como complemento à estrutura e dinâmica que o coaching oferece e que uma psicoterapia não contempla. Além disso, uma das principais características do coaching positivo é que partimos do que funciona, das forças e virtudes da pessoa, para a criação de uma visão suficientemente inspiradora de mudança. O objectivo é colocar o melhor da pessoa em função dos seus objectivos, diminuindo assim a resistência e bloqueios pessoais à mudança/sucesso.

     Porquê a formação em Psicologia e não outra licenciatura/ mestrado         qualquer? A Psicologia é uma “paixão positiva”?

Bom, esta é uma pergunta que me leva a ter que voltar um pouco atrás. A psicologia transformou-se numa paixão positiva, no sentido mais literal que se possa imaginar. Com 15 anos eu queria ser jornalista e seguir as letras, mas meio mundo conseguiu convencer-me de que não era a melhor solução, porque não havia emprego nestas áreas. Segui as ciências e depressa me deparei com o desastre que antevia: notas baixas em biologia, química, física… notas elevadas a português, filosofia, psicologia. Durante os meus três anos de secundário, deu-se a grande mudança em que deixei para trás a obesidade mórbida e desenvolvi um forte gosto pela área da Nutrição. Estava aliviada, porque sentia ter encontrado a minha vocação. Muitas pessoas vinham ter comigo com perguntas e dúvidas que eu prontamente deixava esclarecidas. Comprava todas as revistas e livros que falassem de obesidade e distúrbios alimentares. Alimentei a ideia de estudar Nutrição e estive três anos consecutivos a tentar entrar no curso, em Lisboa. Na altura fui incapaz de exigir aos meus pais o sacrifício de ir para fora da cidade estudar e eu própria sentia que não estava pronta para me submeter a mais exigências e adaptações. Frequentava os congressos de alimentação e nutrição, os colóquios e todas as palestras que apareciam a falar de obesidade. Em cada ano havia a possibilidade de tentar entrar três vezes no ensino superior, por concurso, e em cada tentativa falhada eu morria mais um pedaço por dentro. Por mais conhecimento acumulado, as décimas de distância diziam que eu não era “suficientemente boa” para aquilo. Ao terceiro ano de tentativa e pela terceira vez nesse ano, na 3ª fase do concurso, desisti de tentar, porque já não aguentava mais o desgosto, e decidi escolher a Psicologia. Sinceramente, não sei bem explicar a substituição. Sei que fiz um grande trabalho interior para gerir e interiorizar o corte com aquele sonho… e se calhar eu pensava que a Psicologia seria uma forma de vir a mudar as mentalidades. Curiosamente, na terceira tentativa desse ano, e que eu optei por deixar passar, teria entrado no curso de Nutrição e Dietética em Lisboa. Lembro-me de estar sentada à espera de ir para uma aula de Biologia e Genética, na Faculdade de Psicologia, de ir ver a pauta de resultados e de começarem a bailar-me as lágrimas nos olhos, incrédula. Senti tanta raiva no momento seguinte que as engoli, cerrei os pulsos e disse para mim mesma: vais demorar mais tempo, mas um dia chegas lá. E por “lá” eu entendia cuidar e ajudar pessoas que passassem pelo mesmo que eu tinha passado. Ainda não cheguei lá, mas assim que termine a minha tese na área do bem-estar e do envelhecimento activo, espero poder vir finalmente a trabalhar o assunto como pretendo e com a “minha” Psicologia Positiva.

Editou recentemente a “Agenda dos Sonhos 2014”. Estamos no início de um novo ano e não há melhor pretexto para falar nesta Agenda. O que tem ela de diferente?

A Agenda dos Sonhos nasceu porque eu coloquei na cabeça que precisava de uma agenda que preenchesse as minhas necessidades “diferentes” como, por exemplo, ter um espaço específico para escrever as coisas boas do dia, registar e lembrar-me de fazer exercício físico, mas também ter lembretes para explorar e saborear melhor a vida. Para além destes pontos que em si já são um pouco diferentes das agendas tradicionais, a Agenda dos Sonhos tem também módulos de aprendizagem, onde partilho algumas dicas sobre, por exemplo, a gestão do tempo e o desenho de objectivos. À semelhança de outras ideias, quando não há o que preciso, crio. E assim foi, desenhei a agenda para mim, outras pessoas tomaram conhecimento, ficaram interessadas e de um momento para o outro deixei de ter mãos a medir. Foi uma fase muito interessante e gira, de certa forma nova porque ainda nunca tinha criado propriamente um produto.




   Na sua “Agenda dos Sonhos” pede a cada pessoa que escreva a sua visão para 2014 ( ou seja, o que pretende alcançar este ano). Não acha que, algumas pessoas possam ter bastante dificuldade em escrever o que pretendem… ou, por outro lado, o que pretendem não é fazível?

Sim, por isso é que senti necessidade de criar a secção “módulos de aprendizagem”, onde partilho com as pessoas algumas dicas úteis para as ajudar não só na gestão do dia-a-dia, mas também a criar e a desenhar os seus objectivos de forma concreta, faseada e fazível.

Planeamento mensal – esta ideia é excelente… muitos de nós vivemos o dia-a-dia sem um foco mais abrangente do que o Agora. Em que nos pode ajudar este planeamento?

Nas sessões de coaching positivo a questão temporal é um aspecto que gosto muito de trabalhar com as pessoas, independentemente do objectivo que elas têm para si mesmas, exactamente por ser fundamental articular bem o passado, o presente e o futuro. O planeamento mensal permite-nos ter uma visão mais ampla do que vai ou queremos que aconteça, enquanto o planeamento diário nos ajuda a tomar um passo de cada vez para a concretização desse mesmo futuro mais “longínquo”. É impossível sermos produtivos se não tivermos ambos em conta e, ao longo da agenda, em algumas dicas, tento chamar a atenção quer para a informação que o passado nos pode dar acerca da forma como nos comportamos em determinadas situações e sobre como podemos antever situações do mesmo tipo, quer para a importância de viver o agora, não descurando ainda assim de um objectivo mais amplo, em termos de futuro.  É um pouco como aquele anúncio que diz “há uma linha que separa…” – no fundo temos que criar a nossa linha de tempo e tê-la em mente, podendo nós andar para a frente e para trás à medida que precisamos. Como nem sempre nos lembramos de fazer isto e não temos um controlo remoto, é importante que escrevamos e utilizemos os planos de registo.

1   Onde podemos encontrar esta “fiel companheira”?

De momento, já não é possível encomendar a primeira edição da Agenda dos Sonhos. No entanto, a partir de Fevereiro já se vai começar a pensar nas questões a melhorar e em novos formatos. É também um objectivo encontrar parceiros que queiram ter nos seus espaços físicos a nova edição para venda. Até lá, todas as novidades podem ser acompanhadas na página de facebook da agenda (facebook.com/agendadossonhos).

1  “Estilo de Vida Positivo”… o seu livro… Existem, no Mercado, dezenas de livros na área comportamental. Porque é que os leitores do “conversas felizes com” deverão optar pelo livro da Vanessa?

Porque e só porque se a sua intuição assim o disser. Este é um livro que partiu de partilhas autênticas e com a missão de querer facilitar algumas mudanças em quem lê, com vista a uma maior felicidade e bem-estar. Por um lado, procurei não utilizar fortemente o jargão técnico, porque como já disse para mim o “simplex” é muito importante na comunicação da ciência – isto, claro, se a quisermos tornar realmente útil para as pessoas. Por outro lado, tentei falar sem ser em “seco”, isto é, aquilo que eu sugiro e as reflexões que eu partilho vêm realmente de dentro e não são meramente sugestões ocas que alguém de bata branca veio dizer que funcionam. Sugiro sobretudo ideias e actividades que eu própria experimentei e das quais tive resultados. Um aspecto que para mim também foi importante foi conseguir dar um certo fio condutor que me parecesse ter sentido – o livro começa por falar de alguns erros que todos fazemos e na importância de os transformarmos em aprendizagens, para depois então desenvolvermos algumas competências, falarmos de felicidade e situações de aplicação prática.



1  Já agora, pedia-lhe uma dica, na sequência da pergunta anterior… como não “comprar gato por lebre”, uma vez que, hoje, qualquer pessoa escreve e edita um livro?

Isso às vezes é difícil, mas é uma boa questão. Nem eu sei se sou gato ou se sou lebre. Com o livro Estilo de Vida Positivo tive que me desligar dessa responsabilidade, pois foi algo em que pensei muito, para conseguir ter a coragem de passar tudo a papel. São ideias e como todas as ideias há quem goste e há quem não goste. O que me realmente importa são as pessoas, dar-lhes coisas úteis, por muito ridículo que isto pareça, e também só editei este livro porque fui recebendo feedback num blog que tinha, no sentido de que o que eu escrevia fazia sentido às pessoas e as fazia sentir melhor - segundo elas, claro. Demorei muito tempo até tomar coragem e ainda hoje peso a responsabilidade. Há sempre a responsabilidade de o livro ter mau conteúdo, de ser mal interpretada, de ser rotulada, de na academia me virem acusar de simplicidade, há sempre a responsabilidade de… No fim, transformei a responsabilidade em aventura e até agora ainda não me arrependi, dado o feedback que tem surgido. É por isso que acho que as pessoas só devem comprar este ou outro livro qualquer se a sua intuição assim o disser. E às vezes o que para mim é gato para outras pessoas é lebre e o contrário também se verifica. Sei que às vezes fico frustrada quando leio livros de má qualidade de pessoas que aparentam ter um grande desenvolvimento e maturidade nestas áreas, mas que é mais aparência do que propriamente essência, se é que me consigo fazer entender. O que eu posso sugerir é o que eu também faço: primeiro tento folhear o livro, ou ler excertos, e tento saber opiniões sinceras de outras pessoas.

1 A Vanessa também tem blogues… fale-me deles… divulgue-os… Quantas vezes, ao ler os seus textos, me identifiquei tanto ao ponto de dizer… “Eu podia ter escrito isto”…

Eu e os blogs, os blogs e eu nem sempre tivemos uma relação estável, porque eu não conseguia integrar aquilo que era o meu cunho pessoal com aquilo que eram os dados mais científicos que eu gostava de passar às pessoas. Na academia somos muito formatados e pressionados para o facto de termos que ser rigorosos, precisos… Na realidade, as pessoas não nos entendem facilmente e com tanta formatação torna-se impossível formar um elo de ligação. Na verdade, quando deixei o peso da responsabilidade de ser gato ou lebre, quando me concebi como pessoa que tanto pode estar certa como também errar, tudo começou a fluir. No blog centro-me na comunicação com as pessoas e tento falar de experiência que são minimamente comuns a todos nós. A sustentação psicológica acaba por surgir sem querer aqui ou ali, mas o objectivo é sempre o de criar pontes e de passar informação que possa ajudar, ainda que pouco, a melhorar os nossos dias.

1  Uma mensagem positiva para 2014… :-)

Em 2014, sejam autênticos. Ser e aceitar-nos tal como somos traz-nos serenidade e paz, força para caminharmos na rua sem amarras e com determinação. Abracem os vossos sonhos. Pensem nas vossas qualidades e transformem-nas em caminhos para a vossa realização. O ontem pode ter sido difícil, o hoje pode ser difícil, mas o amanhã reserva-nos em esperança. Neste momento, neste segundo, temos a oportunidade de tomar a decisão de sermos mais felizes. E nós sabemos o que nos faz mais felizes. E quando o que nos faz mais felizes nos vem à memória… eis que chega o medo. Aquele velho medo e aquela velha razão que nos faz acreditar que é melhor não – que é melhor deixarmo-nos ficar por aqui, na segurança desta ilusão. A verdade é que o medo nos faz viver encolhidos e quando vivemos encolhidos não conseguimos ver o tapete verde que se estende até ao Sol para lá da sebe, que é o limite que nós criamos para o nosso ser. Neste Novo Ano, ergam-se, desmantelem todo o peso que têm vindo a suportar e a trazer de arrasto… saltem, pulem, construam um banco ou uma escada se for preciso, estiquem-se o máximo que conseguirem, porque acreditem: deslumbrar o que está para lá da sebe é uma das mais fantásticas experiências que podemos ter.


E que tal, sermos mais positivos este Novo Ano?
Obrigada, Vanessa!


No próximo, mês o Conversas Felizes vai para a rua, ouvir corações... 
Curiosos?

Pensem positivo, pelo menos, até Fevereiro! :-)