Conheci a "Fatinha" há um ano e uns meses, numa loja de shopping, com a qual muito me identifico.
As nossas energias cruzaram-se, cumprimentaram-se e, hoje, somos grandes amigas.
A Fátima Coelho tem 43 anos e é uma "dadora de afetos"... entre as roupas com características étnicas, os acessórios e os incensos, vêm um sorriso e dois braços acolhedores.
O que mais gosta é mesmo isso... "dar algo aos outros"...
Não hesitei em conversar com ela "publicamente" para que se possa perceber que atrás de um vendedor, está uma pessoa com uma vida, um caminho, ensinamentos, filosofia e sonhos, pois claro...
"A Cabana do Pai Tomás" de Harriet Beecher Stowe e "The Piano Concert nº 3" de Rachamaninoff são o seu livro e música preferidos.
Sentem-se confortavelmente e abram as portas a esta yogui vegan, que é muito humana e não passa despercebida aos mais sensíveis:
Onde e como nasceu esta vontade de ajudar, de mãos dadas, com as vendas/ negócio?
Sempre gostei de dar algo aos outros,
um sorriso, uma palavra amiga, reconfortante, um gesto de solidariedade e
amizade, e no mundo do comércio, isso é muito fácil porque nos entram pela porta
dentro muitas pessoas que, não só buscam algo material, mas algo mais e... tenho uma
sensibilidade aguçada para perceber quem está a precisar de algo mais do que um
bem material.
O que mais gostas no
ato de vender?
O que mais gosto no ato de vender é sem
dúvida nenhuma o contacto humano.
O que procuram as
pessoas quando entram numa loja? Comprar por necessidade, por vontade, por
impulso? …
Cada vez mais e por causa da
austeridade as pessoas não compram tanto por impulso, já lá vai o tempo… a
maior parte das pessoas entram para satisfazer as suas necessidades, depois
claro há aquelas que compram para satisfazer uma carência afetiva, muitas vezes
de momento, ou porque estão a passar uma fase pior da sua vida, ou uma data
difícil e sentem a necessidade de se mimar, noto isso muito facilmente.
Consegues agrupar as
pessoas em “categorias” de clientes? Se sim, quais… como as definirias…
Claro que há sempre categorias de
clientes, os que consigo classificar diria:
- Fáceis
- são clientes que dizem claramente o que procuram e se o artigo estiver
dentro do parâmetro pedido rapidamente decidem e efetuam a compra;
- Indecisos
- são clientes que normalmente nunca conseguem decidir facilmente o que
querem e se se decidem a comprar frequentemente trocam o artigo;
- Mal
encarados - Não querem ser atendidos e não são simpáticos (normalmente não
compram )
- Bons clientes - pedem ajuda
para encontrar o que procuram, são simpáticos, criam laços de fidelização
à loja e ás funcionárias.
Aproximamo-nos do
Natal, de uma época onde o consumo atinge o seu pico… o que é mais difícil de
gerir dentro de uma loja? O frenesim? A impaciência das pessoas? A indecisão
das mesmas?
Considero que é uma época muito difícil,
porque todos esses aspetos existem e com muita intensidade, juntando ainda o
orçamento das famílias que é cada vez mais curto para as prendas de Natal,
embora note que muitas pessoas querem e fazem gosto em oferecer prendas no
Natal.
O que se vende mais?
Os artigos mais caros ou com preços mais acessíveis?
vende-se de tudo um pouco, isso depende
da capacidade financeira das pessoas, nota-se que quando as pessoas têm
capacidade o fator preço deixa de ter a maior importância.
Tu és vegetariana,
praticante de Yoga e segues uma filosofia de vida muito saudável… esse estilo de vida, dentro de um shopping, em que "estante" se encaixa?
Consegue-se muito facilmente conciliar
isso tudo porque sempre levo a minha lancheira cheia de comidinha saudável e
saborosa. O atendimento numa loja de shopping, quanto a mim, beneficia muito
porque uma yôginí como eu coloca no seu dia os ensinamentos e filosofia do
Yôga, interioriza-os e começam a fazer parte de si. Logo, nota-se num maior
nível de energia para realizar as tarefas, um bem estar comigo que depois
se reflete na maneira de estar e atender/ relacionar com os clientes, na gestão dos
níveis de stress, na reacção de uma forma adequada a uma reclamação, tudo isso sai
beneficiado por se praticar Yôga e ter um estilo de vida saudável.
Se pudesses ter a tua
própria loja, ela seria do quê? De roupa? De acessórios? Se pudéssemos entrar
nela, agora, como a descreverias?
É algo que ainda não consegui
descobrir, penso algumas vezes nisso e ainda não cheguei a conclusão nenhuma,
estou a seguir o meu caminho quem sabe, um dia, descubro ou me aparece uma
ideia de negócio próprio! Vontade não falta, falta a ideia, tem de ser
seguramente uma coisa diferente, de certeza de contacto direto com o público, é
o que eu gosto, considero-me um ser muito social, mas o tipo de negócio ainda
não apareceu....ainda não teve que ser!! Virá!!!
O que é que te faz
feliz?
O que me faz feliz é estar em harmonia
com quem eu mais gosto, dar e receber amor!!O contacto com a natureza, a
liberdade, o prazer de usufruir bem estar nos pequenos prazeres, como sentir os
raios de sol na pele, ouvir um pássaro a cantar, o vento a masajar o rosto, a
chuva a molhar a pele, um beijo de uma pessoa que eu goste, o lanche com uma
amiga, a companhia de uma bela história num livro...enfim para mim isso é felicidade
Até ao Natal, apreciem esta conversa... que possamos ser mais espirituais e ponderar as nossas acções e pensamentos, pelo menos, neste balanço anual.
Festas Felizes e até à próxima conversa!